segunda-feira, 23 de abril de 2012

A noiva e o Noivo

Ao longo de 14 capítulos, você acompanhou a história de uma jovem que comete vários erros após terminar o seu noivado. Laura, na verdade, é a personificação de todos nós, que cometemos várias falhas com a intenção de acertar.
Certamente, você deve ter se visto em alguma situação apresentada pela personagem, porque, sendo na vida sentimental, ou não, erramos muito com o propósito de corrigir erros do passado.
Assim, em outras palavras, a noiva em questão é a Igreja do Senhor Jesus, e o noivo, Ele próprio, que sofre tanto quanto nós quando decidimos nos afastar de Sua presença.
Laura, bem como você e eu, foi passível de inúmeros enganos – todos em consequência do primeiro: abandonar o Noivo. Ao longo do tempo, ela sofreu com suas más escolhas, “quebrou a cara” muitas vezes e até entrou em depressão. O pior de tudo é que ela não se atentava que isso era fruto do seu afastamento de Deus.
Agora, eu lhe pergunto: não é isso o que acontece conosco quando estamos longe do nosso Noivo, o Senhor Jesus?
No entanto, Laura se arrependeu a tempo e voltou correndo para os Seus braços. Ele a perdoou e a direcionou a uma nova vida. Da mesma forma acontece com a gente.
Se você está como a Laura da história, errando e se iludindo a cada passo que dá e acredita que Deus não se importa com você, saiba que o seu Noivo está à sua espera e, ao contrário do que imagina, Ele está na expectativa de que a qualquer momento você vá procurá-LO.
Não perca mais tempo, a Pessoa da sua vida está à sua espera.

domingo, 22 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 14


Ainda com os olhos fechados, senti o que nunca havia sentido antes. Um abraço. Um forte e confortável abraço de amor. Jamais eu havia chorado tanto! Foi como se um filme se passasse pela minha cabeça. Lembrei-me do nosso primeiro encontro, dos momentos felizes, de quando eu terminei tudo, dos antigos namorados, da solidão, do sofrimento. Não consigo esquecer a loucura de tê-lo deixado.
 
Mas, naquele instante, senti-me tão segura! Porque era como se ele soubesse da minha dor; era como se ele pudesse me enxergar por dentro. Já eu, simplesmente, não tinha palavras. Até porque nada do que eu dissesse, poderia ter algum sentido.

Percebi que ele me aceitou de volta. O interessante é que ele não precisou falar nada. Apenas me ouviu.

Houve um momento, porém, em que fiquei apreensiva. Eu chorei, desabafei, implorei, e ele apenas me olhava. Cheguei até a pensar no que eu estava fazendo ali. No entanto, percebi em seguida que tudo se fazia necessário. E depois que atentou para cada palavra que falei, ele, surpreendentemente, me disse:

– Eu nunca esqueci você. Todos os dias e noites me lembrava do tempo em que passamos juntos. Da época em que concordávamos em tudo, das nossas conversas, da nossa afinidade. Sofri muito enquanto esteve longe. Pensei nas coisas que você poderia estar passando, mas o que eu poderia fazer? Você não me dava uma chance. Além disso, me angustiava sempre que sua mãe vinha conversar comigo. Ela me contava sobre como você estava levando a vida, e isso me deixava extremamente triste. Você não pode imaginar o quanto sofri com a sua ausência!

– Me perdoe! Sinto-me tão culpada. Você não deveria sofrer assim.

– Não se culpe! Isso foi necessário para que você reconhecesse o quanto estava errada. Porque tudo o que passou serviu para o seu próprio amadurecimento. Quanto ao perdão, é claro que lhe perdoo! Mas, espero que nunca mais voltemos a nos separar.

Acho que não preciso dizer mais nada, não é? Neste mesmo dia, nos casamos. Sim, foi muito rápido, é verdade. Mas, se eu já estava certa do que desejava, se já estava decidida, porque não tomar logo uma atitude?

Vivemos, hoje, uma enorme felicidade. Não vou dizer que não passamos por momentos de luta, mas ele sempre me apoia e me ajuda. Sou a pessoa mais feliz deste mundo. Não porque dei um fim aos meus problemas, já que enfrento um a cada dia, mas porque encontrei a única pessoa capaz de me realizar por completo!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 13

Quando o reencontrei estava meio confusa. Não era uma espécie de desorientação, compaixão, mas nutria uma carga de humilhação tão profunda que a única coisa que ainda conseguia fazer era chorar.

A primeira lágrima caiu discreta. Consegui segurá-la, mas era como se ela insistisse em rolar. Era como se nem ela mesma suportasse a amargura na qual se prendia. Foi terrível aquela sensação de solidão! Tudo o que pensava era em encontrá-lo. Já havia sofrido demais até aquele dia.

O meu noivo, na verdade, estava à minha espera, mas eu não o queria por perto. Estava magoada, ressentida. Não sei bem se com ele, ou comigo mesma, pela teimosia em fazer as coisas que queria, até desapontá-lo de vez.

Eu o amei mais do que tudo. Mas aquele amor já me sufocava a mente e o coração. Sei que fui ingênua demais achando que seria feliz longe dele. Disse, certo dia, que não o queria mais. Para ser honesta, não disse, mostrei.

Um dia me disseram que gestos falam mais do que palavras. E eu sei que o gesto que fiz, abandonando-o, disse tudo a meu respeito.

Ele nada fez, e nada pôde fazer. Dei um tempo – ao meu modo – naquele relacionamento unilateral. Já fazia tempo que não me sentia amada. Na realidade, isso era uma sensação enganosa. Não por culpa dele, mas minha. Inteiramente minha. Eu era exigente demais, boba demais para aceitar seus conselhos.

Já ele era tão inteligente! Aconselhava-me sobre as mínimas coisas... Mas eu fui tão fútil, tão desonesta e infantil! Meu Deus, como suportar essa distância? Sinto-me uma poeira longe dele. O meu primeiro amor, meu único e verdadeiro amor.

Assim que subi a escadaria de sua casa, tive uma sensação estranha. Uma mistura de desprezo e alívio. Acho que nunca vou conseguir explicar isso, mas, pela primeira vez, me percebi amparada.

Disseram-me para esperá-lo. Foi o que fiz. Sentei-me em uma confortável poltrona, e pedi a Deus que ele me recebesse bem. Meu ex-noivo não demorou a chegar. Quando soube que eu estava ali, veio imediatamente ao meu encontro.

Não o vi chegar.

Mas quando apareceu, já estava à minha frente e eu nem havia percebido. Estava com os meus pensamentos tão dispersos...

Bom... Não sabia bem como agir, se me desculpava ou me derramava em prantos. Se implorava por seu perdão e lhe pedia mais uma chance, ou saía correndo dali.

A única coisa que eu sabia, porém, era que ele queria me dizer alguma coisa. Fechei os olhos e aguardei.


continua...

sábado, 14 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 12

Segundos. Foi o quanto durou a minha alegria ao vê-lo em minha frente. E meses, o que durou a minha tristeza. Assim que cruzei o corredor de casa, a minha mãe me viu entrar no quarto, e me seguiu. Abaixei a cabeça, porque não queria olhar nos olhos de ninguém, estava parecendo um bicho acuado. Entrei no quarto e tentei fechar a porta. Mas, não suportei ficar sozinha. Sussurrei...

– Mãe...

É engraçado como nessas horas esquecemos o nosso orgulho, e o nosso coração se transforma em um solo extremamente fértil, que aceita qualquer semente que lançarem nele. O problema é o tipo de semente. Se for boa, será para o nosso proveito, mas se for ruim, é bem provável que nos deixe ainda mais pra baixo.

A minha mãe foi fundamental. Esqueci-me do meu orgulho, das nossas discussões até de alguns desentendimentos. Era como se ela já soubesse o que estava se passando comigo. E sabia exatamente o que faltava para mim.

Foi quando ela me falou do meu ex-noivo. Imediatamente lembrei os grandes momentos que passamos juntos, de quando era realmente feliz e não imaginava. Ah, quanta bobagem fiz! Se eu pudesse voltar atrás, jamais deixaria alguém que me fez tão feliz, e que, por certo, continuaria a me fazer, por qualquer outra coisa, qualquer sentimento ou pessoa.

Naquele mesmo dia, me arrumei e saí. Resolvi dar uma chance ao que a minha mãe falava tanto. Vesti a mesma calça preta e camisa bege que havia separado para comemorar aquela data tão especial.

Não comi nada, e, para ser sincera, estava tão desanimada, que até a vontade de tomar banho sumiu. Era como se eu tivesse medo de que a água não fosse capaz de lavar apenas a sujeira externa. 

Desejava que ela me lavasse por dentro também, que tirasse as angústias das minhas entranhas, mas eu sabia que era impossível. E, se não era possível, para que água, banho? Não adiantaria nada, eu pensava.

Mas, com o sacolejo da minha mãe, tive que cair na real. Para que sofrer mais? Por que ficar longe de alguém que tanto me ama? 
Então, tomei a atitude de ir ao encontro do meu ex-noivo.

Para ele poderia ter sido uma surpresa; mas, para mim, o encontro foi mais surpreendente do que eu mesma poderia imaginar.


continua...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 11

Era a primeira vez que eu passava o Dia dos Namorados com alguém. De tão ansiosa que estava, acordei quase de madrugada. A minha mãe até estranhou... Menos de uma hora depois, alguém bateu à porta. Era ele.

Fiquei tão impressionada, que imaginei ser uma surpresa da parte dele. Mas aí ele disse:

– Precisamos conversar. – Assim, bem seco.

Na hora senti um gelo na espinha; comecei a ficar nervosa, mas procurei não demonstrar. Não sei se percebeu no momento. A minha mãe se aproximou e perguntou se gostaria de tomar café. Até ela ficou surpresa por vê-lo ali àquela hora da manhã...

– Não, obrigado! – Respondeu, da mesma forma seco.

Estranhei o fato de ele estar com a mesma camisa xadrez e a mesma calça preta do dia anterior. Também parecia cansado, como se estivesse passado a noite em claro. Já eu não conseguia entender o motivo dele estar na minha casa tão cedo.

A minha mãe se afastou, e ele começou falando várias coisas. Falou da família, da faculdade, dos seus planos futuros. Vi que estava enrolando, mesmo assim não queria deixar de ouvi-lo. Acho que eu já imaginava onde a conversa ia parar. Eu tinha medo das próximas palavras dele, da minha possível reação, de uma inesperada decepção ou de ver que o meu castelo construído com tanta ilusão estaria se desmoronando.

Eu não queria saber do futuro, do que ele iria falar nos próximos segundos, não queria sentir nenhuma dor. Não naquele dia. Não causada por alguém que tanto amava.

Enquanto ele falava, a minha reação era de observar cada detalhe do rosto dele, cada gesto, expressão... Para mim, qualquer coisa que falasse com a boca ou com o corpo era um indício de para onde a conversa iria nos levar.

Acredito que desde o início eu já soubesse. Mas, como eu estava rendida... Não queria constatar o meu novo fracasso, e ter de encarar a minha mãe, meus pais, meus irmãos. E ter de explicar o motivo do fim do relacionamento, e ver nos olhos de cada um a minha imagem refletida de tristeza, o olhar de pena...

Foi quando coloquei os pés no chão para voltar a cair. Só ouvi quando ele disse:

– ... Foi muito bom, você é muito especial, mas prefiro terminar o namoro...
Chega! Não me lembro de mais nada. De bom aquele relacionamento não tinha nada. Se tinha, então por que terminar? De quem era a culpa? Qual o real motivo? Não consegui resposta para nenhuma dessas perguntas. Estava atônita, arrasada, frustrada.

E o grande Dia Dos Namorados? Acabou antes mesmo de começar.

continua...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 10

Já havia passado muito tempo desde que terminara o namoro com o Pedro. Faz mais ou menos 3 anos que não me envolvia com alguém. Precisava de um período calmo na minha vida. Aproveitei para me dedicar aos estudos, trabalhar, mas me bateu aquela carência típica de uma pessoa vazia.
Vazia de amor e atenção, certamente.


Em casa, a minha mãe só sabe falar: “Não se preocupe, que você é jovem e logo vai aparecer alguém para lhe preencher.” Cheguei até a acreditar nisso, mas não fazia mais sentido pra mim.

Até que um dia, participando de uma monitoria na faculdade, conheci um rapaz extremamente simpático. Ele havia terminado um namoro e parecia bastante carente também. Nós conversávamos sobre tudo, e vimos que tínhamos muita coisa em comum.

Dias depois, um amigo em comum nos convidou para participar de um evento. Eu fui e lá nos encontramos. Quando saímos, parecia que nos conhecíamos há muito tempo. É claro que isso foi um fator importante para começarmos um relacionamento, mas o fato de eu estar só e ele carente por causa da ex, foi o que pesou mais.

Nunca havia tido um namorado assim. Acho que você já deve ter me visto dizer isso antes. Não é que eu esteja repetindo, mas isso mostra que todas as pessoas têm qualidades muito boas e por isso não dá para dizer que nunca mais vamos encontrar alguém.

Nele, por exemplo, encontrei qualidades que jamais havia visto antes em nenhum outro. Desculpe se até agora você não sabe o nome dele, mas é que prefiro não mencionar.

Nós tínhamos um namoro normal, íamos ao cinema, a lanchonetes, restaurantes, saíamos com amigos e conversávamos muito, principalmente sobre o futuro. Eu imaginava tanta coisa!

Até que começamos a nos organizar para o Dia dos Namorados. Já estava próximo. Eu jamais havia passado esta data acompanhada. “Que azarada”, eu pensava... “Todas as minhas amigas passeando com seus namorados e eu sozinha, vendo filme na tevê ou cozinhando para a minha família...”

Porém, nesse ano foi diferente. O melhor e o pior ano da minha vida até então.

O dia 11 chegou e saímos para dar uma volta. Ele estava vestido com uma camisa xadrez e uma calça preta. Já eu usava vestido. Sempre achei feminino usar vestido. Sinto-me bem trajando este tipo de roupa.

Preparamos tudo: o que fazer no Dia dos Namorados, para onde ir, o que um gostaria de ganhar do outro, enfim.

Era um sonho! “Passar uma data tão especial ao lado de alguém mais especial ainda, é inacreditável!”, eu falava sozinha.

Mas o grande dia chegou, e com ele, uma terrível notícia.

continua...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 9

Fiquei muito decepcionada com tudo o que passei nos últimos tempos. Resolvi me dedicar a mim mesma, aos meus estudos e à minha família.

Bem, é sempre isso o que falamos quando terminamos um relacionamento, não é? Queremos e fazemos o possível para focar nossos pensamentos na carreira profissional ou nas pessoas que nos amam, e que recebem tão pouco por esse amor.


Até a uma igreja comecei a ir novamente. Conheci pessoas, fiz amizades, parei com as baladas e me dediquei aos meus estudos a valer. Mas, que dúvida cruel!

Entrei em um curso na faculdade, mas logo me bateu uma indefinição se deveria prosseguir nessa escolha. Então, o abandonei. Entrei em outro curso, e de novo veio a dúvida se deveria seguir esta carreira.

Apesar de infeliz, resolvi continuar. E por estar sem rumo, também saí da igreja. No entanto, decidi terminar o curso, mesmo não gostando dele. Não queria frustrar meus pais com as minhas indecisões. É incrível como ficamos rodando, rodando e não conseguimos chegar a um ponto fixo. Nenhum apoio, nenhum conselho bom o suficiente para me dizer por onde seguir. Nada!

Às vezes me pergunto se não haverá um dia em que todas essas coisas vão passar. Não consigo encontrar uma pessoa legal para mim, ou sequer ser feliz no curso que escolhi.


Não é culpa da faculdade, da minha família ou de quem quer que seja. Sei disso. E sei também que tudo isso é uma consequência causada por mim mesma, pelas minhas atitudes passadas, pelas minhas escolhas erradas.

É muito difícil reconhecer isso. É mais simples culpar alguém próximo ou distante, uma pessoa ou uma situação, outro ser humano ou mesmo Deus.

continua...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 8

Depois daquela paquera com o meu colega de faculdade, fiz questão que Pedro soubesse. Falei para ele, como se fosse o abalar. De fato o abalou, não porque foi traído, mas porque se decepcionou com a minha pessoa. Ele realmente acreditava que eu era “diferente”, por isso estava sentindo remorso por ter feito o que fez comigo. De novo dei um passo errado.

Se eu ficasse na minha, se apenas tivesse terminado o namoro e pronto, sairia da relação com a cabeça erguida, sabendo que a “vítima” era eu, e procuraria reunir forças para focar em outra coisa até o meu coração se aquietar novamente. Quem sabe assim não conseguiria olhar outras coisas por outro ângulo? Mas fiz tudo errado!

Saí do relacionamento como a vilã. E por isso lamento muito – não por Pedro, mas por mim mesma.
É aí que a minha mãe entra novamente na história. Ela sempre vê o meu sofrimento, por causa disso, vez ou outra toca no nome do meu ex-noivo. Fala o quanto eu era feliz ao lado dele, que via um brilho nos meus olhos, que sentia orgulho por eu ser uma pessoa que estava trilhando “o caminho da felicidade no amor”, como ela costuma dizer.

Até hoje ela se pergunta por que eu o abandonei.

– Não sei, mãe. – é só o que consigo responder.

Na verdade, analisando essa pergunta, não sei responder a mim mesma. Dizem que o amor nunca acaba, nunca morre, mas comecei a acreditar que havia acabado sim. Então, a minha mãe disse que na verdade eu jamais o amei.

Não questionei, porque acho que tem razão.


Sinto tanta falta dele, mas não consigo voltar. Eu sei que se a qualquer momento o procurar, ele estará apto a me ouvir, me entender e até me aceitar de volta, mas acho que o meu orgulho é maior.

Não sei por que fazemos isso!

Parece que eu gosto de sofrer. É claro que não gosto, mas eu também não faço nada para acabar com este sofrimento. Porque é mais fácil ouvirmos os conselhos dos amigos, que muitas vezes conhecemos em uma balada ou em qualquer outro lugar, do que dos nossos pais. É mais cômodo aguardar o próximo passo do outro do que darmos o nosso próprio. É mais tranquilo ouvir o nosso coração do que colocar a cabeça pra funcionar. E é “bem melhor” se iludir insistindo em algo, acreditando que vamos conseguir virar heroínas por mudar os outros, do que renunciar a esta ilusão.

O melhor mesmo é dar um tempo.

continua...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 7

Sofri muito com aquela descoberta inesperada de que meu namorado estava me traindo com a ex. Não sei bem se fiquei triste com a confirmação da traição ou com o fato de ter insistido tanto no relacionamento. Eu, de verdade, acreditava que a minha mãe estava errada e que era apenas implicância dela, por isso teimava tanto nesse namoro.

Só de imaginar que, enquanto sofria pelo meu namorado, talvez ele e a outra ficassem rindo de mim pelas costas, me dava uma indignação tão grande, que a única coisa que passava pela minha cabeça era dar o troco. Isso não é o certo a fazer, mas por falta de orientação de um amigo de verdade, acabei enveredando por esse caminho nada bonito para uma moça.
Resolvi fazer o mesmo que ele havia feito comigo. Em outras palavras, me vinguei. Mas não me orgulho disso, tampouco me sinto vitoriosa por vê-lo com “dor de cotovelo” por minha causa. Eu não tinha o direito de lançar a minha dignidade a um nível tão baixo!

Em um desses réveillons, esperei o Pedro voltar de viagem. Ele havia ido para a praia – segundo ele, sozinho. Sinceramente não acreditei. Eu poderia ter terminado o namoro, simplesmente, mas na verdade não queria, ainda gostava muito dele. É nessas horas que sofremos mais, porque ao invés de usarmos a razão, colocamos nosso sentimento em primeiro lugar. Se eu tivesse pensado, veria que ele não era a pessoa certa para mim, que estava apenas me usando e me fazendo de boba. Mas não, queria continuar naquele relacionamento, achando que com o meu jeito meigo e educado poderia surpreendê-lo e transformá-lo em um novo rapaz, no tipo de namorado que eu sempre desejei.

Às vezes, nós fazemos isso: achamos que o nosso jeitinho vai mudar alguém, que ele vai se apaixonar pela gente e por isso se tornará aquele cara maravilhoso dos filmes.

É tanto engano! Mesmo assim não conseguia enxergar isso. Estava iludida, apaixonada, enganada pelas minhas emoções, e elas me faziam sentir paixão e raiva por ele. Foi aí que, mesmo namorando com ele, fiquei com um rapaz da faculdade. Dizem que um abismo chama outro. Acredito nisso, porque esse rapaz apareceu no momento em que mais me encontrava frágil e sensível. Ele também tinha namorada, mas se aproximou de mim. Com palavras carinhosas foi me envolvendo, insistindo, até que paqueramos.


continua...

domingo, 8 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 6

Não entendi muito bem aquela situação. Bianca era uma moça magra, tinha uma estatura baixa, cabelos longos e escuros, mas com uma firmeza tão grande na voz que me pareceu ser uma pessoa de bastante personalidade.

– Gostaria de conversar com você. – ela falou com um tom pra lá de altivo e me olhando bem no fundo dos olhos. Ao lado dela, havia uma senhora de aparência frágil. Mais tarde soube que era sua mãe.
Confesso que pela forma ríspida com que falou comigo, como se eu fosse uma intrusa na vida dela, acabei dizendo que não ia falar com ninguém. Mas, a minha mãe, claro, tentando remediar a situação, abriu o portão e pediu para que as duas entrassem.

Eu já imaginava que ela, na verdade, era a ‘ex-namorada’ do meu namorado, mas a minha mãe, que já torcia pelo fim do nosso relacionamento, por achar que eu “merecia coisa melhor”, achou prudente ouvir o que a moça tinha a me dizer.

Pois bem! Ela iniciou, sentando na ponta da cadeira e cruzando as pernas:

– Bom... Eu sei que você está namorando o Pedro... Pra mim, isso é uma loucura, porque ele não te valoriza. Você sabe que eu já tenho um filho de 2 anos com ele, não sabe? Pois é, agora estou grávida novamente.
­

– O quê???

– Ué, ele não te contou? Vocês não são namorados? Pensei que no relacionamento de vocês existisse sinceridade... 

“Quanta ironia!”, eu resmungava por dentro.

Aquilo acabou comigo!

– Olha – eu disse – não acredito em nada do que você está falando. Se isso fosse verdade, ele já teria me dito. Talvez ele nem saiba dessa gravidez. Além do mais, como ele pode ter certeza de que o filho é realmente...

– O problema, querida – ela me interrompeu abruptamente – é que ele já sabe que estou grávida. Sabe por quê? Porque antes mesmo de vocês terem iniciado esse namoro, saímos várias vezes. Você é uma boba, me desculpe...

Nem preciso falar como me senti... Sem falar que ela contou várias conversas que eu tinha com ele. Como ela poderia saber tantos detalhes?

– Ele me conta tudo o que você fala pra ele...

Eu já havia chegado ao meu limite. Já que ela não ia embora, eu mesma saí pra não entrar no jogo dela. Mas isso me enfraqueceu tanto... Não foi nem a afronta dela, mas o fato de ter sido tão estúpida, a ponto de brigar com a minha mãe, ignorar os conselhos do meu pai e enfrentar a tudo e a todos para entrar de cabeça em uma relação que só iria me fazer sofrer.

Por que isso acontece? Por que insistimos em quebrar a cara, quando a gente, no fundo, sabe que insistir não vai adiantar?

Logicamente, fui tirar satisfações com o Pedro. E ele, evidentemente, negou tudo. Apesar de jurar que ela havia inventado tudo aquilo, não conseguiu explicar como ela sabia de nossas conversas particulares. Bem que tentou, mas eu só conseguia ver cinismo nele.

Foi aí que resolvi dar o troco...

continua...

sábado, 7 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 5

Tenho conhecido muitas pessoas. A cada dia, a cada amanhecer minhas forças tentam se renovar. Apesar das decepções anteriores, procuro não pensar no que outras futuras amizades podem fazer a mim. Tirei tudo como um grande aprendizado.

Nas últimas semanas saí e me diverti muito. Até ingerir altas doses de bebida fiz, só para ver se me comporto socialmente. Parece brincadeira, mas não me lembro de quase nada do que fiz. Acho que meus amigos também não se importaram. O problema é à noite, é quando me deparo comigo mesma. Tenho medo desses momentos. Não suporto a ideia de me enxergar, analisar a minha vida. Sei que a fuga não é o melhor caminho, mas para mim é o mais fácil.

Outro dia conheci um rapaz. Ele tem uma vida meio complicada, mesmo assim resolvi insistir. Não sei por que fazemos isso. Não sei por que insistimos em nos envolver numa relação bastante passível de dar errado...

Ainda assim entrei de cabeça. Engraçado... Antes, a única coisa que sentia por ele era uma atração remota, como se nunca houvesse a possibilidade de um relacionamento. Mas isso foi mudando. Ele se aproximou de mim, começamos uma amizade, e então, quando me vi, já estava presa àquele sentimento.

Paixão!

Ele tinha um filho de dois anos e uma ex-namorada que eu não conhecia, mas que começou a infernizar a vida dele. Por aí você vê em que o meu namoro se transformou. A minha mãe, sempre preocupada, só sabia dizer: “Ele não é pra você!”

Mas eu não acreditava. Impossível acreditar. Estava perdida e apaixonada. Ele era muito romântico, dedicado e se preocupava demais comigo. Às vezes, me sentia de lado com a presença constante do filho que teve com a ex-namorada, mas pra mim nada podia nos abalar.

Doce engano. Meus problemas não haviam nem começado. Foi quando um dia abri a porta da minha casa e dei de cara com uma mulher.

– Você é a Laura?

– Sim, por quê?

– Sou a Bianca, a NAMORADA do Pedro.


continua...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 4

Depois daquele namoro frustrado, mais um por sinal, pensei se não havia feito uma grande bobagem. Porque enquanto estive noiva, me sentia segura e forte. Não sei o que me deu, não sei bem se o que fiz foi realmente a melhor solução. Às vezes fazemos as coisas sem pensar e falamos sem sequer medir o peso de nossas palavras.



Não falei nada com o meu noivo, aliás, era sempre ele que procurava me dizer algumas coisas, mas como deixei o orgulho e as amizades tomarem conta de mim, achei que não mais precisava dele, e que tudo o que me falava eram meras palavras de uma pessoa preocupada.

‘Sabe de uma coisa...’, eu pensava, ‘...ainda sou muito jovem para poder me comprometer com alguém. Acho que não tenho maturidade suficiente para assumir um relacionamento tão sério. 
Até porque casamento não é qualquer tipo de relação que você assume depois diz que não quer mais.’


Meus encantos e minhas ilusões começaram exatamente aí, com uma sensação de liberdade. Apenas sensação, porque eu não posso dizer que sou livre se não consigo dominar as minhas próprias vontades, ou melhor, os meus desejos. Foi aí que vi que as nossas escolhas ditam as regras. Se eu escolho a opção correta, vou me dar bem, mas se escolho a errada, é certo que vou me decepcionar. É sempre assim, dançamos conforme a música que escolhemos. E nem adianta querer culpar alguém, pois há sempre quem nos avise e nos aconselhe para o bem.

Mas eu não ouvi ninguém. Nem noivo, nem pais, nem amigos sinceros. Ouvi apenas a mim mesma, aos meus sentimentos mais íntimos, porque julguei estar certa, quando estava completamente errada.

E agora? Volto ao meu querido noivo? Ele ainda me aguarda, como alguém que espera por uma nova chance? Penso em voltar, mas às vezes acho que não é justo procurar por ele só quando estou precisando.

Ando muito indecisa. Não sei se dou um basta neste sofrimento de uma vez, ou se tento suportar um pouco mais. Tenho amigos e a cada dia conheço mais e mais pessoas. Isso me distrai, embora eu não saiba lidar com algumas situações inesperadas.


continua...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 3

Beto estava estranho havia algumas semanas. Chamava-o para passear ou para uma simples conversa, mas sempre me ignorava. Recusava completamente. Sheila, porém, estava sempre presente.

No início, era como uma amiga. Elogios à minha pessoa não saíam de sua boca, e os agrados eram constantes. Lembro-me de uma vez em que estávamos conversando junto com outros amigos. A maioria de suas palavras era dirigida a mim, sempre elogiando ou tentando me satisfazer com pequenas lembrancinhas. Sempre me achei um pouco boba, e no início acreditava que aquilo era uma forma de demonstração de sua amizade.


Mas comecei a perceber coisas, e passei a traçar um paralelo entre o jeito dela e o jeito do meu namorado. Os dois estavam muito estranhos – cada um a seu modo, claro, mas como sempre ficava de longe, vi o que estavam tentando esconder de mim.

Como seria possível? Ela é minha amiga, me dá presentes, me defende, sempre quer estar perto de mim, e me joga nas alturas com suas palavras incentivadoras. Como ela pode fazer uma coisa dessas comigo?

Um dia eu descobri como. Saímos juntas da igreja – uma igreja tradicional que frequentávamos –, Beto estava junto também. Ele sequer queria falar comigo. Estava tão frio quanto uma pedra de gelo – eu sei que essa comparação é muito batida, mas falo isso para que você compreenda o grau de frieza dele. Próximo à porta, falei:

– Precisamos conversar, Beto.

A esta altura, Sheila também estava fria. Já não mais me visitava, ignorava meus telefonemas e, quando me via, fingia que não estava ali. Até mudar o caminho ela passou a fazer, só para não se deparar comigo. Fiquei muito confusa. Até que compreendi tudo.

– Estou muito ocupado agora. Preciso resolver um assunto na casa da minha tia – ele respondeu, abaixando a cabeça. Sequer me olhou nos olhos. Sheila, no entanto, estava ao seu lado, e tão próxima a ele, que pude ver a mão dela tocando a dele.
Não acreditei, mas, ao mesmo tempo, a minha mente foi se abrindo, e todas as situações de agrado e elogios me vieram à mente.
Entendi tudo. Eles estavam juntos. Ela, a minha grande amiga, e o meu namorado. Dupla traição. Dupla decepção!

Não sei se você já passou por isso, mas a vontade que tive foi de avançar nos dois. Mas aí eu vi que estava na rua e enfrentando a expectativa dos que nos conheciam. Imagino que desejavam ver um “barraco”. Mas me contive. E tive que conviver com aquele desapontamento por várias semanas e novamente voltar às minhas tristezas de final de relacionamento.

continua...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 2

Era para ser um dia de descanso, afinal no domingo acontecem tantas coisas, há tantos convites. Mas estava chato. Um dia muito chato e sem ter nada para fazer.

A gente fica zapeando os canais de televisão e tudo o que se vê são pessoas que se dizem mais felizes, mais bonitas e mais inteligentes do que a gente. Com raríssimas exceções.

Nesse domingo, o telefone não tocou, ninguém me chamou e, pra falar a verdade, também estava torcendo para que isso acontecesse. Mas, o engraçado, é que quanto mais me aquietava, mais a minha mente funcionava sem parar – parece a relação inversamente proporcional da matemática.

Foi nesse instante que me lembrei da época em que fui noiva. Não sei se você já se sentiu como um peixe fora d’água e sem forças para puxar o fôlego. Eu me senti exatamente assim. Depois dele, tentei me aventurar em outros relacionamentos desconexos, mas que para mim faziam todo o sentido. Como o Beto.

Beto era um daqueles rapazes ‘legais’. No início, nem estava muito interessa nele, porém a insistência de minhas amigas já estava me incomodando. Sempre havia uma que dizia: “Deixa de ser boba! Não está vendo que ele está interessado em você?” E como eu estava mais pra sim do que pra não, aceitei todas as sugestões.


Mas o namoro durou tão pouco. Se chegou a uns três meses foi muito – e não estou exagerando! Logo no início, ele era bem romântico, depois, porém, foi se mostrando distante e insensível.
Comecei, então, a me culpar. “Deve ser o meu jeito”; “Não, é porque eu engordei um pouco”; “Ai, com certeza foi por causa da nossa última conversa”, e assim ia. Eu vi, no entanto, que não era nada disso. Não tinha a ver comigo, e o que descobri em seguida, foi o que me deixou mais chocada.

continua...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - parte 1

Hoje eu acordei mais cedo que os outros dias. Não sei bem o que está acontecendo, mas não é de agora que não consigo ao menos dormir bem. Aliás, esse tem sido um dos meus dilemas. Acordo no meio da noite e não consigo mais sonhar. Está tudo escuro, e o meu receio parece sempre se concretizar.

Até saí com alguns amigos, dias atrás. Fui com a minha prima a uma balada de final de semana. O lugar parecia interessante. Havia muitos garotos e moças bem vestidas, mas o meu espírito não estava muito para curtição. Eu até queria conhecer outras pessoas, interagir, mas minha prima tomava a atenção de todos para si. Também, com aquele vestido preto - que na verdade era um top de outra prima -, fazia toda a diferença nos olhares dos demais. Eu fiquei de longe. Percebi que não eram para ela que olhavam, mas para o seu corpo – o seu lindo corpo escultural de mulata legitimamente brasileira.



Bia, porém, estava tão empolgada que nem percebia os olhares mais indiscretos. Ou será que percebia e não ligava? Bem, não sei, mas certamente conseguimos conhecer várias pessoas. E durante a noite toda tudo o que rolava eram alguns goles de álcool e muita dança. Bia parecia à vontade, mas algo dizia que nem tanto.

Parece que é assim, sempre que acho estar bem, rodeada de pessoas aparentemente boas, é como se tudo aquilo fosse uma verdadeira farsa. Tudo uma mentira tão incisiva e milimétrica que fica impossível enxergar a olho nu. Porque é uma mentira que vem de dentro, e por isso, imperceptível.

Quando amanheceu, voltamos para casa. Dormi e acordei mais de meio-dia. Que coisa, nunca havia dormido tanto, eu acho, mas foi uma parte do dia que se foi e não precisei lidar com os meus problemas. Não precisei me justificar, nem lamentar. Apenas dormi. E dormi tanto para descobrir que nos sonhos as mentiras tornam-se verdades.


Mas hoje foi diferente. Nem o sono me quer mais. Seria isso uma espécie de depressão? Não creio, deve ser apenas um vazio mesquinho que logo passará.

continua...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A História de Laura

Laura é uma jovem que terminou o seu noivado com um homem admirável. Ela nem sabe o motivo dessa decisão, tampouco compreende que o distanciamento foi acontecendo aos poucos, e de forma tão delicada, que, quando percebe, já se encontra longe demais dele. Laura passa a querer preencher essa falta, mas a sua tristeza, no fundo, é saber que o seu amor não está nos lugares onde procura. O dilema de Laura é tentar reencontrar o seu amado, que um dia foi desprezado, e que ela teme agora rejeitá-la.

Acompanhe meu blog nos próximos dias para conhecer mais essa história... Ensaios de uma Noiva.


Fonte: http://www.arcauniversal.com/comportamento/reflexao/