Não entendi muito bem aquela situação.
Bianca era uma moça magra, tinha uma estatura baixa, cabelos longos e
escuros, mas com uma firmeza tão grande na voz que me pareceu ser uma
pessoa de bastante personalidade.
– Gostaria de conversar com você. – ela
falou com um tom pra lá de altivo e me olhando bem no fundo dos olhos.
Ao lado dela, havia uma senhora de aparência frágil. Mais tarde soube
que era sua mãe.
Confesso que pela forma ríspida com que
falou comigo, como se eu fosse uma intrusa na vida dela, acabei dizendo
que não ia falar com ninguém. Mas, a minha mãe, claro, tentando remediar
a situação, abriu o portão e pediu para que as duas entrassem.
Eu já imaginava que ela, na verdade, era
a ‘ex-namorada’ do meu namorado, mas a minha mãe, que já torcia pelo
fim do nosso relacionamento, por achar que eu “merecia coisa melhor”,
achou prudente ouvir o que a moça tinha a me dizer.
Pois bem! Ela iniciou, sentando na ponta da cadeira e cruzando as pernas:
– Bom... Eu sei que você está namorando o Pedro... Pra mim, isso é uma loucura, porque ele não te valoriza. Você
sabe que eu já tenho um filho de 2 anos com ele, não sabe? Pois é, agora
estou grávida novamente.
– O quê???
– Ué, ele não te contou? Vocês não são namorados? Pensei que no relacionamento de vocês existisse sinceridade...
–“Quanta ironia!”, eu resmungava por dentro.
Aquilo acabou comigo!
– Olha – eu
disse – não acredito em nada do que você está falando. Se isso fosse
verdade, ele já teria me dito. Talvez ele nem saiba dessa gravidez. Além
do mais, como ele pode ter certeza de que o filho é realmente...
– O problema, querida – ela me
interrompeu abruptamente – é que ele já sabe que estou grávida. Sabe por
quê? Porque antes mesmo de vocês terem iniciado esse namoro, saímos
várias vezes. Você é uma boba, me desculpe...
Nem preciso falar como me senti... Sem
falar que ela contou várias conversas que eu tinha com ele. Como ela
poderia saber tantos detalhes?
– Ele me conta tudo o que você fala pra ele...
Eu já havia chegado ao meu limite. Já
que ela não ia embora, eu mesma saí pra não entrar no jogo dela. Mas
isso me enfraqueceu tanto... Não foi nem a afronta dela, mas o fato de
ter sido tão estúpida, a ponto de brigar com a minha mãe, ignorar os
conselhos do meu pai e enfrentar a tudo e a todos para entrar de cabeça
em uma relação que só iria me fazer sofrer.
Por que isso acontece? Por que insistimos em quebrar a cara, quando a gente, no fundo, sabe que insistir não vai adiantar?
Logicamente, fui tirar satisfações com o Pedro. E ele, evidentemente, negou tudo. Apesar de jurar que ela havia
inventado tudo aquilo, não conseguiu explicar como ela sabia de nossas
conversas particulares. Bem que tentou, mas eu só conseguia ver cinismo
nele.
Foi aí que resolvi dar o troco...
continua...