terça-feira, 6 de março de 2012

A verdade

Certa vez, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Ele acordou assustado e mandou chamar um sábio para que interpretasse o sonho.
   - Que desgraça, senhor! - Exclamou o sábio - Cada dente caído representa a perda de um presente de vossa majestade.
O sultão, por sua vez, ficou muito irritado com a resposta.
   - Mas que insolente! - Gritou o sultão - Como se atreve a dizer tal coisa?
Ele chamou os guardas e mandou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou também que chamassem outro sábio para interpretar o mesmo sonho.
Já o outro sábio disse o seguinte ao sultão:
   - Senhor, uma grande felicidade vos está reservada! O sonho indica que ireis viver mais que todos os vossos presentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se e ele mandou dar cem moedas ao sábio.
Quando este saia do palácio, um cortesão perguntou:
   - Como é possível? A interpretação que você fez foi a mesma do seu colega. No entanto, ele levou chicotadas e você, moedas de ouro!?
   - Lembre-se sempre amigo - respondeu o sábio - tudo depende da maneira como se diz as coisas. E esse é um dos grandes desafios da humanidade. É daí que vem a felicidade ou desgraça; a paz ou a guerra. 
A verdade sempre deve ser dita, não resta a menor dúvida. A forma como ela é dita é que faz toda a diferença.
A verdade pode ser comparada a uma pedra precios: se a lançamos no rosto de alguém pode ferir e provocar revolta; mas, se a envolvemos numa delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.

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